- Nada, Dani.
- Claro que foi nada!!! A gente aqui no maior amasso e você para do nada. O que aconteceu?
- Não, esquece. Coisa minha...
- Ai, que saco!!! Se dependesse de você, a espécie humana terminava aqui.
- Nossa, Dani...
- Ué, olha essa situação... Se eu fosse um canibal, com certeza eu iria agora mesmo preparar um frapê.
- Dani... Você tem que compreender...
- Mas eu compreendo... Quer ajuda? Eu vou ali e faço uma salada de ovos de codorna pra você...
- Pega leve, Dani.
- Como pega leve? Se eu pegando forte não acontece nada, imagina se eu pegar leve.
- Acho que já tá legal, né? Já tirou bastante sarro.
- Fala, o que aconteceu?
- Agora não quero falar disso.
- Ah é? E quando vai ser? Quando o nosso relacionamento acabar?
- Dani, por favor. Isso acontece uma vez ou outra?
- Uma, Ronaldo? UMA? Faz dois meses que esse negócio não tá funcionando direito. Então pode colocar o problema pra gente debater.
- Nossa, debater... que coisa mais formal.
- Fala logo, não enrola Ronaldo.
- É o seguinte... eu acho que você tem a unha muito comprida...
- Ronaldo, você deixa de palhaçada, hein? Você mesmo disse pra mim que você adora uma unha comprida na nuca, no teu peito...
- Sim, Dani. Eu disse. Mas é que...
- Mas é que o quê? Você sabe o trabalho que dá pra deixar uma unha comprida? Eu nem gosto de unha comprida. Só que aí vem o senhor e diz que isso é quase que afrodisíaco pra você! Cadê? Cadê?
- Não tô falando da unha das mãos, Dani. Tô falando da unha dos pés. Pelo amor de Deus, corta essas unhas. Você já me tirou uns três bifes da minha perna nessa transa. Tá parecendo um gavião. Não consigo ficar excitado com o calcanhar ardendo...
